As lutas já são diretas, são direitos.
- Poeta dos Jardins
- 6 de mai. de 2023
- 4 min de leitura
Auditar a história é necessário para poder ter ciência daquilo que se escreve cotidianamente, porque a vida não impede que agente repita que ela é bonita, mas também não impede que a cada dia sejamos desafiados a escrever a própria história, a repetir novamente a história da vida e da luta de muitos que construíram significados, valores e principalmente direitos.
As lutas permitem que agente se sinta vivo, participante, útil e principalmente que as pessoas exercitem praticamente o que tanto estudaram na vida. Por exemplo, a luta de um pescador que aprendeu a linhar uma tarrafa na espessura da costura, do nó, do rufo e principalmente da capacidade de jogar a rede na água, a luta detalhada do ato de pescar é direta porque fica a fé e o desejo que na rede possa aparecer uns peixes, o sustento, o quinhão e principalmente o que comer.
Todo o direito instituído juridicamente na sociedade partiu do sentimento das tarefas da humanidade em buscar justiça na labuta diária, principalmente quando esta força e arte do fazer foi colocada como um traço de exploração por muitos nas sociedade. É nesse sentido que as lutas já são diretas porque é do trabalhado que provém a riqueza como admoesta Marx, mas é do trabalhador e das trabalhadoras que advém as conquistas para uma vida feliz.
O direito de lutar pela valorização do trabalho nos dias atuais do 'moderno' século XXI é tratado como sinônimo de preguiça, mas pensamos bem! Luta por direitos que arregaça as mangas e trabalha sol a sol, dia a dia, pouco quinhão à falta de comida, moradia e saúde! Que tipo de preguiça é esta que condiciona o valor da luta por direitos com preguiça? A resposta deve ser que a poesia precisa ser um instrumento para internalizar o sentimento crítico, porque é da ciência o caráter do pensamento crítico... O sentimento crítico permite que a pessoa, sujeito, trabalhador ou trabalhadora se reconheça e se valorize enquanto produtor de riqueza, de vida, de bens e principalmente daquilo que ela é.
Averiguar a história e nos eventos que existiram e permitiram olhar para a labuta de um povo que conseguiu ser livre tanto em narrativas historiográficas como em doutrinárias, o percurso conquistado do direito de amar pelas pessoas que não se reconheciam com os rótulos autoritários criados e consignados violentamente para suas identidades, o caráter da reciprocidade para as pessoas que de maneiras diferentes lutaram para tentar equilibrar a relação entre patrão e empregado na humanidade na tentativa ainda de sair de uma condição de escravo nesta realidade que exibe o salário ainda como uma troca injusta.
Tomando como exemplo um fato recente da votação no parlamento brasileiro de uma lei que obriga a equiparação do salário igual entre homens e mulheres, outros homens e mulheres afiliados a partidos da direita e extrema direita brasileira votaram contra esta lei... Por hora? Qual direito de fato significa aquelas pessoas que representam a direita no Brasil? As lutas já são diretas e é neste sentido que reforço a cardealidade das noções políticas para uma guinada a esquerda do sentimento do parlamento. Assim como qualquer exercício transversal que sente a energia do chão que se pisa, que o trabalhador se conecte com o sentido do direito que atravessa o discurso e permita entrar pelas veias abertas da própria respiração e geolocalização, até porque não precisamos do sonho europeu de Johnson que resume a preguiça a ineficácia do enfrentamento dos desafios. Por ser um moralista, esquece que a riqueza da monarquia tem um custo físico e metafísico da escravatura que me serve de base para refletir e questionar o que ainda existe hoje, mas graças a atualização dos sentimentos e leituras, podemos ter uma leitura que rompe com esta noção equivocada e contínua da preguiça.

Para os pescadores, por exemplo, a poesia da força de trabalho está no sorriso dos seus quando chega em casa com os poucos peixes e os doados pães para o alimento. Por isso, a luta é o direito e é constante nesta sociedade em que poucos compram direitos e muitos trabalham para não ter acesso a estas necessidades básicas.
Fazer greves, barricadas, cirandas, protestos, também são maneiras poéticas de comunicarem ao poder o sentimento de crítica ao que está posto na sociedade, que é o congelamento real dos direitos que estão escritos em papeis liberais e estão ineficazes nas mãos dos personagens que nos representam enquanto chefes, por assim dizer do direito político.
Portanto Mr. Johnson, não é a preguiça que pode justificar o questionamento das pessoas sobre a quantidade de problemas e desafios existentes nas vidas delas. É sim, o cruzar os braços que dá um recado específico e direto para quem detém o poder, é saber valorizar de onde parte a riqueza!
Eis os versos:
Estou a dois e muitos passos
a mais perto do inferno,
do que no paraíso.
Ali perto do sol
está o frio
que supõe o limite entre a força e a derrota,
o poder e o existir.
Assim, por muitas vezes somos licenciados
como produtos e registrados
como um sonho inventado.
Lentamente
cresce verdadeiramente o corpo
e a alma de um ser
que acresce valores e duelos íntimos.
Vergonha é um sentimento que auxilia um ser humano
e comunica a ilusão de ser com a ilusão
alheia de um mundo que não auxilia em nada.
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