Compreender sendo o que se é.

Algumas fases de versar a arte se inserem em propósitos de escrever o essencial. Nesse sentido o auto conhecimento não está desassociado aquilo que realmente se vive e sente. Ser é mais que um verbo, é poder conjugar a própria inteligência no chão das próprias atitudes. Por isso, que colher uma conquista por insistentes tentativas é também uma dádiva da força de entender a aventura de descobrir o que se é.

Portanto, existir também é uma dádiva e as pessoas são livres a doar sua reciprocidade para quem projeta a autoria desta virtude chamada vida. Assim, "A vida só pode ser compreendida olhando-se para trás; mas só pode ser vivida olhando-se para a frente". (Soren Kierkegaard) E em uma lógica mais quantificada que qualificada, podemos considerar que cada passo é válido porque se insere numa busca emancipatória daquilo que permeia o próprio modo de ver os outros e a nós mesmos.

Compreender o que se é, é a tentativa bela de escrever a si mesmo, no caso deste poeta que escreve estas singelas palavras.

Na repetição das palavras que tento imprimir sentido e arte, crio uma maneira também de me comunicar com pessoas raras, sensíveis e que nutrem valores que me ensinam a cada dia a ler o que sou.

A compreensão de si não se dá apenas da leitura daquilo que a pessoa fala de si e para si. Também está incutido no que as outras pessoas falam de si e do que observam. O exercício da reciprocidade é um ruído bonito que nem todas as pessoas possuem a capacidade de decifrar.

Compor palavras, no entanto, não é um mistério que está aí para ser desvendado. É justamente o oposto, e escrever é o exercício de pequenas compreensões de si mesmo. Eis os poetas tontos que zoam pela quantidade de informações que são desafiados em escrever por aí.

Eis os versos:

Todos os motivos de morte não são banais, 

ao contrário, 

são mais heroicos do que egoístas, 

atos que o capital escraviza o homem. 

Um homem ama pelo que é, 

não pelo que aparenta ser.

Apresente-me toda a realidade do meu mundo, 

apresentarei a solução dele. 

Como é bonito saber 

que o sol e a chuva são obras da natureza 

que amenizam o que chamamos de vida, 

assim chamaremos 

os simples dotes do ecossistema em construção. 

Dizemos que as convenções existem dentro de todos nós. 

A falha é falta de aptidão.