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Mortais ou imutáveis?

  • Foto do escritor: Poeta dos Jardins
    Poeta dos Jardins
  • 3 de out. de 2021
  • 2 min de leitura

É preciso ter ciência de que os versos podem perdurar enquanto eles fizerem sentido, ou quando estiverem permeando a memória. Nesse sentido, a questão que indago aqui é se o sentido de mudança está na finitude da vida, ou no processo de não existir possibilidade de metamorfose da própria finalidade.

Decorre, que os versos são pensamentos oriundos do cotidiano e também escritos com a capacidade de verificar como os passos podem ser dados com mais tranquilidade para assumir uma jornada em vida. É nesse decorrer dos fatos e da capacidade de escrever o que se sente, que o desafio de modificar a si mesmo, não possui percurso a partir de forças ou segredos externos. A mudança de caráter passa pela vontade própria, ou ela é fadada a construir sua própria finalidade.

Porém, existem diversas perguntas que podem surtir com esta dúvida entre a mortalidade e a imutabilidade. A primeira é que conjuga a forma como conhecemos e compreendemos os valores do cotidiano, traduzindo para si a capacidade eminente de poder escrever a própria história, mesmo sabendo que tal enredo já está definido, e apenas na automação das escolhas é que fazemos o que chamamos de percurso. Em um segundo momento, a tentativa de se conectar ao que realmente é, nos encara com a imutabilidade, com uma analogia próxima a uma chave que é precisa ser girada, para guinar o próprio motor de mudança.

Existe aqui o que Lichtenberg denomina poeticamente de fatalidade quando se buscar na imutabilidade e o olhar pela imutabilidade, um sentido de mudança. A maneira de realizar um conselho ou ensino que versa a essência, é demonstrar prioritariamente as próprias atitudes.

As palavras são lugares de metamorfose, e são descritas com a capacidade possível em descartar a própria identidade para, para poder sentir a si e o que é provocado ao redor. Contudo, o que acontece com o próprio caráter é específico de um trajeto de sensibilidade, cuja posse dos próprios valores apresenta maneiras de avaliar e reavaliar as próprias atitudes.

A poesia em si, pode morrer com a lembrança daqueles que lêem e partilham as próprias essências, mas como força de reflexão e motivação para conhecer a si, ela rompe com os processos de mortalidade e imutabilidade, porque ressignifica esta questão com a característica da finalidade.

É com esta distinta perspectiva que o olhar para as coisas finitas não são tomadas como trágicas. Os versos são elementos sensíveis deste caminho.

Eis os versos:



Aí não estarei vivo 
para ouvir as boas intenções 
de um coração interesseiro e cheio de desejos 
para me jogar na cara 
que estou bem por causa de seus bem feitores. 

Não quero ser dependente deste sistema 
que me mata aos poucos. 

Quero morrer por inteiro, 
não sou metade 
apesar de receber sempre um resto. 

Ficar com pena do amor e da vida 
é se suicidar na luta pelo amor, 
em que a vida é viver mesmo não estando vivo. 

"Mais mortais que meus sonhos, 
são as palavras que saem dela 
para uma descrição concisa e sincera".

 
 
 

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