Quem é que procura o amor?
- Poeta dos Jardins
- 8 de abr. de 2022
- 3 min de leitura
O sujeito a procura do amor não tem em si uma resposta tão fácil de ser dada, na condição que implica o que significa o amor nos dias atuais. Quem procura o amor é uma pergunta que parece ser ambígua, mas diz muito mais sobre a atitude do ser em procurar dentro de si atitudes que reflitam o amor, que escolher características por aí para definir de fato o que se sente. Todos nós procuramos na experiência da vida sentir o percurso da reciprocidade, do dar e receber e bem como experimentar o amor.
Quem procura o amor não é capaz de encontrar medidas fáceis para justificar as próprias atitudes, porque estas são injustificáveis quando se busca amar num sinônimo de construção e partilha. Portanto, longe da academia justificada e das receitas prontas sobre o que sentimos. Aquele que busca, é aquele que se coloca a disposição de tudo que está em sua volta, e por vezes no mais íntimo detalhe. Procurar é uma chave importante no exercício do cotidiano, justamente porque o amor gera atenção nos detalhes, mas desatenção nos objetivos. E assim as coisas acontecem quando menos esperamos porque quem procura o amor, não pode o programar.
A sátira desta pergunta pode ser interpretada na seguinte frase: - "Não tomes a vida demasiadamente a sério, de qualquer forma não sairás vivo desta" (Bernard de Fontenelle); ou seja, o amor demonstra para cada ser humano a necessidade da entrega, de um propósito e também de um ponto final. Até porque quem procura o amor, tenta sentir uma fagulha de eternidade naquilo que se propõe, mesmo sabendo que não há capacidade material para tanto. E o tempo é o grande aliado neste exercício, porque sentir amor é nobre e raro na vida de muitas pessoas.
Aquele que procura o amor está disposto a acolher o outro, e não colocar seu dedo em riste apontando o que a outra pessoa deve fazer ou ser. A poesia, nesse sentido, é uma atitude que demonstra claramente o esforço eterno de um ser que procura o amor a cada instante. Desse modo, o amor não é um sentimento fácil de se dar, mas é possível de se viver. A vivência é uma atitude conjunta e nunca isolada. É o que Florbela Espanca afirma, quem quer amor se faz presente, está perto, é grato nas pequenas coisas.

Todas as pessoas que enxergam a poesia no cotidiano se propõe a fidelizar este sentimento e também estar ciente desta procura na pequena trajetória de vida.
E só depois de um tempo que cai em si a necessidade de expressar e ser grato que cada pessoa que convive, está exatamente ali para ensinar a pluralidade de caráter que o amor nos submete a ser.
O amor é mais complexo que um verbo ou atitude a ser conjugado. É uma procura dentro dos desafios mais indecifráveis de uma vida. Somando-se a realidade proporcional daquilo que as vitórias e derrotas somam dentro da personalidade.
Quem procura o amor é aquele que deixa se contagiar pelo simples, silencia para estar próximo e escuta principalmente o coração.
Eis os versos:
Quem procura o amor,
tem o segredo nos lábios e nas mãos,
pois ao mesmo tempo que faz os valores que o amor propõe,
elucida vozes que são prodígios de atos e versões.
Sobre meus olhos estão as luzes do universo,
a luz de Javé,
de meu criador.
Só nele encontro a paz verdadeira
e a minha alma encontrada em pura harmonia com o infinito.
As coisas mundanas ainda me dão dor de cabeça,
mas preciso entender porque isto me dói.
Não quero dor,
não posso adaptar-me a dor dos sonhos mundanos.
Preciso me alegrar e viver
e sorrir nesses sonhos,
para alegrar os outros sonhos.
Referências da imagem: [Despair - Edvard Munch]
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